Comércio exterior e a ameaça da variante Delta

Data

No último dia 13 de agosto, uma notícia vinda da China colocou em alerta todos os players do comércio internacional: após confirmar um caso de Covid-19 entre funcionários do porto de Ningbo-Zhoushan, as autoridades fecharam um terminal inteiro e colocaram cerca de 2 mil funcionários em quarentena por tempo indeterminado. Ningbo-Zhoushan é o 3º maior porto do mundo e o terminal fechado responde por mais de 25% de seu movimento.

“O fluxo de comércio internacional ainda não voltou ao normal depois da paralisação das atividades em 2020, e a ocorrência desse novo surto na China torna o cenário ainda mais incerto .”

“É uma notícia preocupante, que impacta toda a cadeia logística mundial”, explica Antonio Carlos Baracat Filho, diretor da CGO Assessoria em Comércio Exterior. “O fluxo de comércio internacional ainda não voltou ao normal depois da paralisação das atividades em 2020, e a ocorrência desse novo surto na China torna o cenário ainda mais incerto .”

O fechamento do terminal completo em Ningbo-Zhoushan é fruto da política de Tolerância Zero adotada pelas autoridades chinesas contra a Covid-19. Essa mesma política já havia provocado a paralisação de fábricas e da produção agrícola em regiões afetadas pelo surto da variante Delta, que começou em julho. Milhares de pessoas em dezenas de cidades nas regiões Sul e Leste do país foram colocadas em lock down.

“Essas medidas, embora necessárias, afetam o desempenho da economia chinesa”, explica Baracat Filho. “Como estamos falando de uma das maiores economias do mundo, qualquer abalo gera impactos em toda a cadeia de comércio mundial.”

Os indicadores econômicos divulgados pela China para o mês de julho já mostram reflexos dessas medidas. Embora tenham crescido, as importações e exportações perderam força em relação ao mês anterior e vieram abaixo das expectativas dos analistas. Outro fator preocupante é a queda registrada nos últimos meses na demanda por minério de ferro, insumo fundamental da siderurgia.

“Tudo indica que teremos um segundo semestre de muitas incertezas e que ainda estamos longe de uma normalização dos fluxos no comércio exterior .”

Além do novo surto de Covid -19, a China enfrentou eventos climáticos em julho que contribuíram para a queda na produção industrial. No campo do comércio exterior, os exportadores chineses estão sendo impactados também por questões estruturais. “Existem gargalos em alguns insumos, questões logísticas, e os preços de fretes e de matérias-primas continuam altos”, alerta Baracat Filho. “Tudo indica que teremos um segundo semestre de muitas incertezas e que ainda estamos longe de uma normalização dos fluxos no comércio exterior .”