Fatores climáticos afetam preços de alimentos

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Uma combinação de fatores climáticos adversos e a alta demanda internacional vai continuar afetando o preço dos produtos agrícolas, pelo menos até o primeiro semestre de 2022. A associação entre falta de chuvas, ocorrência de geadas e aumento de queimadas em um momento de mercado aquecido para commodities como algodão, açúcar, café, arroz, feijão e trigo deve manter os preços em ascensão.

A chegada da Primavera, no dia 22 de setembro, abriu a temporada do plantio de culturas de grãos como milho, feijão e soja. Os produtores, porém, foram aconselhados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) a aguardar a estabilização das chuvas antes de iniciar o plantio. Se não bastasse o início de temporada mais seco, o Inmet diz que há possibilidade de formação do fenômeno La Niña, que encurtaria a estação das chuvas. Em vez de terminar em março, ela seria antecipada para fevereiro.

“A alta demanda internacional torna a exportação mais atraente”

Como resultado desse cenário, os preços dos grãos tendem a se manter pressionados. “A alta demanda internacional torna a exportação mais atraente”, explica Antonio Baracat Filho, diretor da CGO Assessoria Assessoria em Comércio Exterior. “Isso reduz a oferta no mercado doméstico, aumentando ainda mais os preços nos supermercados para o consumidor brasileiro.”

Segundo estimativas de especialistas de mercado, são esperadas até o fim do ano altas nos preços do café, açúcar, ovos, frango, arroz e feijão. “A Associação Brasileira da Indústria do Café calcula em 40% o aumento no preço do café”, explica Baracat Filho. “No caso do açúcar, o aumento acumulado até o final deste ano pode ultrapassar 30%.”

“A cadeia logística internacional, afetada pela pandemia, ainda não se reorganizou completamente.”

Além dos fenômenos climáticos, Baracat explica que outros três fatores contribuem para esse cenário de preços em alta: o câmbio elevado, o aumento dos custos dos produtores e o desajuste das cadeias mundiais de logística. “Os reajustes nos preços de fertilizantes, por exemplo, chegaram a 100% em alguns casos”, explica o diretor da CGO. “A cadeia logística internacional, afetada pela pandemia, ainda não se reorganizou completamente.” É bom lembrar que o fenômeno de estação seca prolongada com estação chuvosa curta é cíclico no Brasil e se repetiu nos últimos dois anos. A torcida, agora, é para que não ocorra novamente em 2022.