Redução na oferta de transporte afeta prazos e gera aumentos de 400% nos preços dos fretes
Os efeitos negativos da pandemia de Covid-19 sobre o comércio internacional já eram esperados. Afinal, desde que o coronavírus deixou a China e se espalhou pelo mundo, a partir de fevereiro deste ano, as medidas de contenção obrigaram a economia mundial a uma forte redução das atividades.
As restrições a viagens e deslocamentos de pessoas, com fechamento de fronteiras em muitos países, impactaram diretamente o tráfego aéreo, que já registra redução de 48% neste ano, em relação a 2019. Segundo dados divulgados no dia 14 de abril de 2020 pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, da sigla em inglês), a perda de receita pelas companhias aéreas deve chegar a US$ 314 bilhões, uma queda de 55%.
“Temos procurado por linhas alternativas, mas o cenário está muito difícil, especialmente para as operações com a Europa e América do Norte.”
Nos transportes por via marítima, embora as dificuldades técnicas sejam diferentes, o cenário também é desafiador. Durante o fechamento dos portos chineses, entre a última semana de janeiro e meados de fevereiro, o tráfego de contêineres sofreu uma redução de 96%. Isso gerou escassez desses equipamentos em portos de todo o mundo. “O movimento na China já foi retomado, mas a recuperação total do transporte marítimo leva um pouco mais de tempo em função das distâncias”, explica Baracat Filho.
A redução do número de voos vem impactando fortemente a importação e exportação de sementes e mudas. Como boa parte das cargas nesse setor é transportada em voos de passageiros, ficou mais difícil fazer a movimentação. “Temos procurado por linhas alternativas, mas o cenário está muito difícil, especialmente para as operações com a Europa e América do Norte”, explica Antonio Baracat Filho, diretor da CGO Assessoria em Comércio Exterior. “Uma carga que antes levava de 3 a 4 dias para chegar ao seu destino, hoje tem levado cerca de 15 dias.”
Além dos prazos, o impacto também acontece nos custos. Embora continuem operando, as companhias especializadas em transporte de cargas também tiveram suas rotas afetadas. A redução de oferta fez os preços dos fretes explodirem. “O aumento gira em torno de 400%”, informa Baracat Filho. “Uma carga que antes pagava US$ 1 mil, hipoteticamente, hoje não é expedida por menos de US$ 4 mil.”
Nos transportes por via marítima, embora as dificuldades técnicas sejam diferentes, o cenário também é desafiador. Durante o fechamento dos portos chineses, entre a última semana de janeiro e meados de fevereiro, o tráfego de contêineres sofreu uma redução de 96%. Isso gerou escassez desses equipamentos em portos de todo o mundo. “O movimento na China já foi retomado, mas a recuperação total do transporte marítimo leva um pouco mais de tempo em função das distâncias”, explica Baracat Filho.
“Os clientes que trabalham com sementes e material para produção de alimentos continuam em atividade e estamos trabalhando para superar as dificuldades de transporte.”
Diante desse cenário, associado à alta do dólar no Brasil, importadores e exportadores têm optado por suspender as operações não essenciais. Na CGO, que opera com muitos insumos agrícolas importantes para a manutenção da produção, não apenas de flores mas também de hortaliças para alimentação, a redução nas remessas chega a 30%.
“Os clientes que trabalham com sementes e material para produção de alimentos continuam em atividade e estamos trabalhando para superar as dificuldades de transporte”, explica Baracat Filho. “Quem importa sementes para produção futura, como é o caso de algumas flores, por exemplo, também está empenhado em manter as importações, porque dependerá dessa produção daqui a 12, 14 meses. O restante, vai aguardar uma melhora no cenário.”
Segundo dados do Ministério da Economia, a redução na média das exportações diárias totais no Brasil chegou a 20% na segunda semana de março, apesar de o governo ter incluído o setor entre as categorias essenciais. Negócios com dependência exclusiva da China foram os mais afetados até o momento.