Setor de flores se reinventa e cresce durante a pandemia

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Diante da perspectiva de falências e demissões, os produtores fizeram ajustes no modelo de comercialização e projetam fechar o ano com crescimento de 5%

As imagens do início do ano, que mostravam tratores destruindo campos de flores por falta de compradores para a produção, correram as redes sociais e trouxeram grande preocupação. Passado o choque inicial, porém, os produtores deixaram os lamentos de lado e partiram para uma verdadeira reinvenção do modelo de comercialização que vai levar o setor a comemorar, agora no fim do ano, um aumento projetado de 5% no faturamento. “Ainda fica abaixo das projeções iniciais, que eram de crescimento de 10% a 15%”, explica Antonio Baracat Filho, diretor da CGO Assessoria em Comércio Exterior. “Mas é um resultado altamente positivo, considerando todas as dificuldades trazidas pela pandemia.”

O impacto inicial foi causado pela suspensão de todos os tipos de eventos de aglomeração – casamentos, formaturas, velórios, congressos, simpósios etc. –, aliada ao fechamento completo de pontos de vendas no varejo. Grandes pontos de venda no atacado sentiram esse impacto de forma ainda mais dramática: mesmo quando reabertos, viram a clientela sumir, com medo de contato com outras pessoas. Para se ter uma ideia, o Ceasa de Campinas, que ficou fechado de 24 de março a 6 de maio, teve queda no faturamento de 72,8% entre janeiro e setembro, segundo dados da Prefeitura de Campinas. O faturamento total ficou em R$ 28,2 milhões, contra R$ 103,7 do mesmo período do ano passado.

Os meses de julho, agosto e setembro foram tão bons que os produtores zeraram as perdas dos meses iniciais.

Diante desses obstáculos, a saída encontrada pelos produtores de flores foi investir nas vendas on-line e em supermercados, que não fecharam em nenhum momento da pandemia. “A aposta foi certeira, porque muita gente viu nas flores um excelente presente em tempos de distanciamento, especialmente nas datas festivas como Dia das Mães e Dia dos Namorados”, avalia Baracat Filho. “Os meses de julho, agosto e setembro foram tão bons que os produtores zeraram as perdas dos meses iniciais.”

Registramos um movimento interessante, de procura maior por novos mercados para a exportação desse tipo de produto, algo que antigamente não era comum.

No comércio exterior do setor, a retomada gerou um aumento na importação dos insumos necessários para a produção de flores e plantas, em especial as mudas e substratos. “Registramos um movimento interessante, de procura maior por novos mercados para a exportação desse tipo de produto, algo que antigamente não era comum”, explica Baracat Filho. “Essa tendência também se deve à valorização do dólar frente ao real, fazendo com que os produtos brasileiros fiquem baratos para os importadores de outros países.”

Com mais de 3 mil variedades de flores e plantas ornamentais em produção em 15 mil hectares, o setor de flores brasileiro é composto por 8,2 mil produtores que geram 200 mil empregos em toda a cadeia e movimentaram R$ 8,7 bilhões em 2019, segundo dados do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), localizado em Holambra (SP).